quinta-feira, 27 de setembro de 2012

D. Celeste



Recordam-se de em Junho, aqui ter falado do Festival da Lavanda?

Pois bem, foi lá, na praça da vila, que conheci a D.Celeste.
Por ali circulava, a braços com um molho de alfazemas, que vendia a 1 Euro cada raminho.Vive na zona antiga da vila, era Domingo de manhã, tinha vindo à missa e aproveitado para ganhar umas moedas.

A pretexto da lavanda começámos a conversar. Desabafou que tinha tido 6 filhos, todos a viver longe e agora vivia com dificuldades; era viúva e os 100 contos que o marido lhe tinha deixado no banco já se tinham acabado!

Perguntou-me o que eu ia fazer da parte da tarde e, ao ouvir o meu programa, esvaziou-se-lhe a esperança do olhar.

_ Que pena!...Gostava tanto de ir à barragem...

_  Qual barragem, D. Celeste?

_ À da Póvoa. Não é longe, mas não dá para ir a pé...No tempo do meu marido ia lá muito!

_ Fazer o quê?

_ À pesca!!

_ A senhora sabe pescar?

_ Então não sei! Tanto peixe que eu apanhava!... Se fosse comigo, eu ensinava-a! - prometeu de olhar vivo e sincero, convencendo-me logo à partida.

_ Oh... hoje não dá D. Celeste, para a próxima! :((


Por fim, perguntei-lhe se a podia fotografar. Enviei a foto ao concurso que decorria integrado no festival...e na semana passada fui informada que a fotografia da D. Celeste tinha ganho o 1º prémio e eu uma estadia na  Quinta das Lavandas em Castelo de Vide. Fiquei feliz! :))

Desta feita não aprendi as artes da pesca, mas não deixo de ter ter razões para mandar  à vendedora de lavandas um grande muito obrigada!


 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Summer 2012 - Photo Exhibition

Ao fim da tarde, ao sair de casa para dar um passeio com os cães, levantei a cabeça na direcção um grande  e coeso bando de pássaros que, voando incrivelmente baixo, seguia para sul. Levavam com eles as sobras do Verão. 
Eu,ao contrário, aqui deposito os meus registos preferidos desta estação, que amanhã oficialmente se despede.

























terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sr. Júlio, o Cadeireiro


 (...ainda no Mercado de Portalegre)

Mesmo antes de entrar detenho-me porque a cena, de invulgar, me chama à atenção. Um senhor sentado no chão,à porta do mercado da cidade, trabalha afincadamente numa cadeira. Restaura-lhe o assento.


Miro-o em silêncio durante um pedaço, antes de encetar conversa: Isso que o senhor está a usar é junco, não é? - Amável, ele responde: É sim... agora já há pouco, dantes havia muito mais, apanhava-se por todo o lado!...


E assim começou a nossa conversa sem pressa. Eu sabia que lá dentro, frutas e legumes não se iam acabar, e ele, sempre a dar aos dedos enquanto dava à língua, acabou por me contar que já tinha sido cozinheiro em Lausanne,  mas que regressou antes que se lhe acabasse o dinheiro;...que tem a sua oficina de cadeireiro em Alpalhão, perto da Junta de Freguesia, onde numa parede há fotografias da planta para explicar todo o processo a professores e alunos que o visitam;... que vai tendo sempre trabalho e que começa às seis da manhã e  larga às nove da noite. Também sintonizo televisões...se há algum aparelho que não transmita bem, eu vou lá e consigo pô-lo a captar o máximo do sinal....A pessoa nunca mais tem problemas! Só não trabalha quem não quer!, diz convicto.


Um assento para uma cadeira leva pouco mais de uma hora a fazer e cobra entre 15€ a 20€ por cada. Não deixa a tarefa incompleta... se o banco ou cadeira estiverem desengonçados, também restaura e ajusta a madeira.


Enquanto falamos, gente vai e gente vem. Curiosos e interessados, quase todos lhe pedem o contacto e orçamentos. Mas há  quem se detenha só a olhar. Realmente, dá prazer ver trabalhar assim...



(Foto retirada da Internet)

(O junco é uma planta fléxivel que pode atingir 1,50 m de altura e que cresce em zonas húmidas ou alagadas. É tradicionalmente usada para tecer cestos, esteiras e assentos de cadeiras. Trabalha-se molhada.)

sábado, 15 de setembro de 2012

Mercado de Sábado


Após 15 dias a viver sem frigorífico, ontem lá me entrou pela cozinha adentro o matacão branco! 
Tem o desplante de ser da minha altura, mas engana-se bem enganadinho se pensa que vai ficar a exibir-se...Nem pensar!... Até já tenho uma ideia para o esconder...
Frigoríficos são para mim caixotes grandes, monótonos, monocórdicos, autênticos "tanques de guerra" nas cozinhas, que por natureza são espaços femininos e delicados!... Enfim, são os ditadores dos actuais hábitos alimentares e a vida está  irremediavelmente feita para funcionar com eles!


Se de feio não passa, então que seja útil ... Portanto lá me levantei cedo para o ir abastecer ao mercado de Portalegre, onde ao Sábado de manhã se encontram ainda alguns produtores locais que vendem o excesso das suas hortas.


De lá trouxe polvo, sardinhas, cação, nabiças, feijão verde, pêssegos, salsa e duas mãos cheias de conversa com os vendedores que, por me verem de máquina em punho, perguntavam ,curiosos, se as fotos iam para o jornal...









...uns diziam que nunca esteve tão mau como agora, outros que aquilo que vendiam era do melhor que se podia encontrar e a maioria retribuia o sorriso...








Ao sair do mercado passei por uma senhora que, num alguidar com água, tinha três ramos de flores. Ficaram lá dois... Lá por ser antiga e estar com obras à porta, a  minha casa merece um!


Bom fim de semana!!



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Do Virtual ao Real - Oficina da Borboleta Maria



Uma vez que esta fase da  vida não me permite tempo nem concentração para concretizar ideias mais ou menos criativas, e para que o blog não fuja muito àquilo que é a sua natureza primeira, tenciono nos próximos posts abrir portas para outras  "artistas blogueiras" que recentemente tive o privilégio de conhecer pessoalmente!

(Cristina, eu e Norma na Oficina da Borboleta Maria)

Antes de mais quero deixar bem claro que foi preciso que uma grande mulher atravessasse o Atlântico, desde o país irmão, para que esse passo - do virtual ao real - se desse. Falo da autora do blog "Jeito Simples de Ser", Norma Marques (à direita na foto) que de visita ao velho continente, teve a curiosidade e a coragem de vir abraçar aquelas com quem há já largos meses se correspondia via blogosfera. :))

...Mas a Norma e o seu blog terão as merecidas atenções num outro post, porque quem eu hoje quero dar-vos a conhecer é a Cristina Lopes (à esquerda na foto), a alma do blog Oficina da Borboleta Maria e que no fim de contas, vive e trabalha quase aqui ao lado, em Vila Viçosa. 

O seu atelier, no centro da cidade, bem perto do paço Ducal, está aberto todos os dias (excepto ao Domingo) e quem aprecia a arte de patchwork, sentir-se-á encantado com o que lá vê, em especial com as mantas de retalhos... Artesanato verdadeiramente único e original que é feito mesmo ali, à vista de todos, sem segredos, em cima de uma mesa repleta de materiais espalhados e onde três crianças entretidas com pincéis e aguarelas vão também dando asas à imaginação, decididamente herdada da mãe.

Vindos há dez anos para o Alentejo movidos pelo sonho de aqui lançar os alicerces a sua família, Cristina e o marido não foram daqueles que perante as dificuldades deram meia volta, mas sim dos que resistiram à "ausência de ilusões" em que se move o dia a dia no interior alentejano ...Simpáticos, acolhedores e gentis ,  por cá continuam e para mim, pessoalmente é bom sabê-la por perto!

Para "verem" uma pontinha do seu trabalho, seleccionei algumas fotos, mas o que aconselho mesmo é que visitem a Oficina da Borboleta Maria...  Enquanto não vão até Vila Viçosa, entrem por aqui. ! ;)










domingo, 9 de setembro de 2012

Ver os Aviões

(Foto retirada da Internet)


OK, tenho q admitir que actualmente, não vivo numa casa normal.
Ao interior das minhas paredes chamo Reino do Caixote. Porém, recuso-me terminantemente, a ser escrava neste reino, ou sequer a prescindir do que quer que seja que considere minimamente prioritário para ir arrumar tralhas... Até porque se não lhes tocar, os caixotes estarão sempre cá, sedutoramente a olhar para mim, enquanto os aviões, não!...Esses só passam no céu e por um naco de tempo posso perdê-los de vista!

Por isso, ontem à noite, deixei o pseudo caos entregue a si mesmo e fui até às Festas dos Capuchos, em Vila Viçosa, "ver os aviões", ...digo os Azeitonas, num concerto alive. Se, neste verão, andei a cantarolar as canções deles, seria descabido perder  agora a oportunidade.


Cheguei pouco antes da hora prevista para a actuação e deparei-me com um mar de gente, porém, decidida, lá fui andando e furando até conseguir chegar a 3 ou 4 metros do palco...Sim, à frente tem muito mais graça!

Nunca os tinha visto ao vivo; enérgicos, vibrantes e renovadores! Gostei da Azeitonette Nena, a única presença feminina em palco no meio desta boysband... Acho que o concerto ganha bastante, não só com  o seu contributo vocal, mas em particular com a sua forma de se movimentar/ dançar em palco.
Só me surpreendi um pouco por dois ou três membros do grupo fumarem o seu cigarrinho durante a actuação... e é só por isso é que não dou nota 10 ao espectáculo!


Para ficarem com uma boa ideia do q foi o concerto, fecho com o hino da banda, a " Marcha da Rua da Alegria", desejando a todos um Domingo bem alegre!! :))








segunda-feira, 3 de setembro de 2012

As voltas da Vida

(Foto retirada da Internet)

Mudar não é um acto instantâneo. Leva o seu tempo. Um tempo antes, para individualmente podermos trabalhar e resolver dúvidas e medos; um tempo durante, porque em termos práticos dependemos de mais ou menos coisas e encaixotar o nosso mundo requer energia e um tempo depois , o período necessário a uma reorganização mínima que permita voltar a pôr os nossos dias em pé.

Com este esclarecimento,  penso que compreenderão o meu silêncio por aqui nos próximos dias...