quarta-feira, 30 de maio de 2012

Carta ao Pai

Olá , Pai!


Como tiveste que ficar a trabalhar e não pudeste vir comigo e com a mãe ao Alentejo, vou contar-te como foi o meu fim de semana.
Olha, não me tinhas dito que a casa dos tios é num sítio com muitas árvores e  parecida a um jardim zoológico, só que sem jaulas! Há bichos grandes, pequenos, médios, com pêlo, com penas, com lã e que falam línguas que eu nunca tinha ouvido.
São línguas esquisitas, mas que vão ser fáceis de eu aprender!
A tia levou-me ao colo a ver as galinhas e os gansos e a mãe ficou muito aflita com medo que eles me dessem bicadas...mas eles não me fizeram nenhum mal e continuaram na vida deles...
A tia até disse que eu era corajoso por ir ao pé dos gansos, mas a mãe - ao longe- corrigiu-a: "Ele só é destemido porque é inconsciente!"

Agora vou contar-te uma coisa que aconteceu logo no primeiro dia e que não gostei mesmo nada. Como a mãe não levou a minha banheira, decidiram dar-me banho no alguidar grande de estender e apanhar a roupa. Quando me vi lá dentro é que fiquei MESMO ASSUSTADO, pai! De repente ficou só preto à minha volta e berrei a plenos pulmões com toda a minha força...(Aquela que tu conheces!)
Ainda bem que elas me tiraram imediatamente de lá e passei a tomar banho no lavatório. Ufa!!


Outra aventura aconteceu no Sábado à tardinha. 
A mãe e a tia foram dar um passeio com os cães e eu também fui. A tia enrolou o pano à volta dela, pôs-me lá dentro e fui virado para a frente para não perder pitada. Chegou a uma altura em que a tia saiu do caminho e começou a andar pelo meio das ervas e a mãe começou a ficar zangada. Ela ficou mesmo muito irritada por a tia nos levar pelo meio da terra e ralhou, ralhou a sério, com a tia.
Eu ouvi-a dizer: Isto não é sítio para andar com uma criança de seis meses! !... Com ervas pelo joelho! Podem estar cheias de bichos e eu não vejo onde ponho os pés!!...Posso torcer um pé, e depois?!...  Ainda fica escuro e nós aqui nesta selva! E se vêm mosquitos e o picam, como é??!...Se sair ao pai vai ficar cheio de bolhas!!!
A tia tentou acalmá-la, pois estávamos a menos de 5 minutos de casa e compreendeu que a mãe estava totalmente dominada pelo seu instinto maternal protector. A tia pediu desculpa à mãe e prometeu que nunca mais saíriam dos trilhos quando déssemos passeios. Eu cá não percebi porquê...Para mim esteve sempre tudo bem... tão bem que adormeci a meio do passeio durante os ralhetes da mãe e só acordei depois da meia noite...


E pronto pai, acabo aqui senão escrevo uma carta tão grande que o teu patrão ainda te obriga a fazer umas horas extraordinárias pelo tempo em que a estiveste a ler. 
Gostei de estar no Alentejo, mas também fico contente por voltar para casa e podermos dormir as nossas sestinhas juntos...


Um sorriso do teu filho,

 Marauzinho